sexta-feira, 25 de janeiro de 2008

Finalmente o comentário a Call Girl

Tarda mas não falha o prometido comentário ao último filme assinado por António Pedro Vasconcelos, Call Girl, que foi parcialmente filmado no Alentejo, nomeadamente aqui na santa terrinha...
Fui ver o filme na sessão de ante-estreia, como referi num post anterior, e só pelo simples facto de ter visto alguns artistas ao vivo já valia a pena, mesmo que o filme fosse uma porcaria... mas não é. É, antes, um dos melhores filmes portugueses que já vi nos últimos tempos, talvez mesmo o melhor desde o Coisa Ruim (2006, realização de Tiago Guedes e Frederico Serra, e argumento do jornalista Rodrigo Guedes de Carvalho), na minha modesta opinião claro!
Ora o filme conta, como já toda a gente sabe, a história de um autarca alentejano (Nicolau Breyner) que não quer deixar construir um empreendimento turístico por causa da destruição de sobreiros que isso implica (tema actual neste nosso Alentejo cada vez mais "Alquevizado" e onde os "empreendimentos" turísticos nascem como cogumelos) e que se deixa seduzir por uma prostituta de luxo (Soraia Chaves) contratada por um "problem solver" (Joaquim Almeida) para o fazer mudar de ideias. Mas as voltas e reviravoltas na trama são de tal forma surpreendentes e estão tão bem apresentadas que não conseguimos descolar o olhar do ecrã, ficamos presos a todos os momentos, a todas as pequenas histórias que vão surgindo, e que, no fim, constroem um filme inteligente, divertido, realista e muito, muito bem contado. Todas essas pequenas histórias, desde o casamento do autarca, a amante em Lisboa (que é deixada para segundo plano com o aparecimento da "Vicky"), o pai dele no lar de terceira idade, o reformado revolucionário (excelentemente interpretado pelo queridíssimo Raúl Solnado, esse grande Senhor!!), a relação entre os polícias da PJ de amizade, apoio e companheirismo, a história de amor entre o polícia e a prostituta (que acaba muitas vezes por ser a história central da trama), a viúva drogada do vereador assassinado, a amiga brasileira prostituta/massagista, entre muitas outras, são uma mais valia quando se conta esta história, pois humaniza-a, torna-a mais real aos olhos do espectador que segue atentamente a vida desses personagens.
Enfim é um bom filme que eu recomendo vivamente a verem.
Ah e tenho a dizer que as cenas de nudez explícita, a linguagem sexual e os muitos (e muitos, e muitos) palavrões, são completamente delegados para segundo plano quando entramos na magia da história.
Uma última curiosidade, que achei deliciosa, é a aparição (de 3 segundos!! pr'ái) do realizador no filme, qual Alfred Hitchcock nas suas já clássicas obras!

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